1. O que é Nutrição Oncológica?
É uma assistência nutricional focada no paciente com câncer, considerando a localização e o estadiamento do tumor e as possíveis doenças associadas. O principal objetivo da Nutrição Oncológica, durante todo o período de tratamento, é contribuir com orientações e intervenções para que o paciente mantenha o melhor estado nutricional possível, a partir da adequação da dieta e do controle de sintomas. Após o tratamento, as orientações e as intervenções estão focadas na recuperação do estado nutricional e na promoção de saúde. A Nutrição Oncológica tem abordagem biopsicossocial e atua dentro de uma perspectiva multidisciplinar, em cooperação com o paciente, o cuidador e os demais profissionais de saúde.
2. Como funciona o acompanhamento na Nutrição Oncológica?
A assistência nutricional pode ser dividida em três etapas:
a) Avaliação Nutricional: processo sistemático que avalia alterações no estado nutricional por meio da análise da história clínica, alimentar e psicossocial do indivíduo, com base em questionário sobre aspectos alimentares, físicos e de saúde e bem-estar.
b) Intervenção: elaboração de um plano de cuidados individualizado, com orientações e prescrição de dieta adequada ao tipo de tratamento e à situação clínica do paciente.
c) Monitoramento: reavaliação periódica do paciente para manter ou ajustar o plano de cuidados. A periodicidade dependerá do tipo de tratamento e da situação clínica do paciente.
3. Por que o paciente com câncer tem perda de apetite?
A perda de apetite é um problema muito comum para o paciente com câncer. As causas podem ser várias, por exemplo:
a) Alterações metabólicas provocadas pelo tumor;
b) Alterações metabólicas provocadas pelos tratamentos de quimioterapia e radioterapia;
c) Alterações emocionais (angústia, medo e depressão);
d) Dor de difícil controle;
e) Outros sintomas: náusea, “sensação de barriga cheia”, “gosto metálico”, “prisão de ventre”, etc.
4. Dicas para mitigar a perda de apetite e manter o paciente alimentado:
a) Fracionar as refeições em pequenas porções ao longo do dia;
b) Preferir refeições líquidas ou pastosas;
c) Enriquecer as refeições com suplemento nutricional oral;
d) Experimentar novos tipos de comida ou sabores diferentes;
e) Evitar beber líquido durante as refeições sólidas;
f) Usar adequadamente os medicamentos para controle de sintomas;
g) Fazer exercícios leves e relaxamento;
h) Ter estímulo social, com presença de familiares e amigos na hora das refeições.
5. O paciente em tratamento de radioterapia precisa ter acompanhamento nutricional diferenciado?
De modo geral, todos os pacientes com câncer deveriam ter acompanhamento nutricional em alguma fase da doença, para orientações e intervenções, conforme necessidade. Em especial, os pacientes que recebem radiação nas regiões da cabeça e pescoço, do abdômen e da pelve podem apresentar alterações no trato gastrintestinal e consequentemente prejuízo na alimentação. Os efeitos da radiação nesses casos podem levar à perda de peso e à desnutrição, prejudicando o tratamento.
6. Como deve ser a alimentação do paciente que inicia o tratamento de quimioterapia?
O plano de cuidado é individualizado e depende do tipo de quimioterapia e da localização do tumor. De modo geral, a alimentação deve ser adequada em nutrientes e calorias, fracionada em pelo menos quatro refeições/dia. Considerações sobre consistência, temperatura dos alimentos, teor de fibra e possíveis restrições alimentares dependerão da situação clínica do paciente. Outro aspecto importante é o cuidado com a higiene das frutas e hortaliças e com o armazenamento adequado dos alimentos.
7. Qual é a alimentação recomendada para o paciente que tem colostomia?
Dependendo da localização da colostomia, as fezes podem ter consistência mais amolecida ou até líquida. De maneira geral, recomenda-se alimentação regular, equilibrada e variada o quanto possível, evitando os seguintes alimentos:
a) Alimentos ricos em gorduras;
b) Alimentos ricos em fibras insolúveis – normalmente presentes nos grãos, nos cereais integrais, nos vegetais folhosos, nas frutas desidratadas, nas nozes e sementes;
c) Alimentos com lactose (açúcar do leite), presentes em maior teor nos leites de vaca, cabra e ovelha;
d) Alimentos muito condimentados, por exemplo, com pimenta, mostarda, curry;
e) Bebidas gaseificadas, cafeinadas e alcoólicas. Recomenda-se também mastigar bem os alimentos e ter um consumo de líquidos de, pelo menos, 1,5L por dia, preferencialmente nos intervalos das refeições.
8. Para uma alimentação equilibrada, é preciso ter bons hábitos alimentares, por exemplo:
a) Ter refeições regulares, respeitando-se as principais refeições;
b) Comer em quantidade moderada e evitar “beliscar” nos intervalos;
c) Consumir diariamente hortaliças, frutas, cereais integrais;
d) Beber água, pelo menos, 1,5L/dia;
e) Evitar alimentos processados e industrializados, normalmente ricos em gordura satura e sódio. Uma alimentação equilibrada deverá ser variada, com quantidades adequadas de nutrientes e de calorias para cada ciclo da vida (infância, adolescência, fase adulta e senil). Os bons hábitos alimentares são desenvolvidos a partir da reflexão e compreensão do alimento, do peso corporal, dos ambientes sociais que o sujeito está inserido.
9. Para a prevenção do câncer, existem alimentos que previnem a doença?
Existe um consenso no meio científico de que uma alimentação balanceada, associada à atividade física e à redução de fatores de riscos (álcool e cigarro), pode prevenir o câncer. Seguem algumas dicas:
a) Aumentar o consumo de hortaliças, frutas e cereais integrais;
b) Reduzir o consumo de carne vermelha e/ou processadas até 500g/semana;
c) Reduzir o consumo de alimentos ricos em gorduras saturadas, presentes nas carnes gordas, nos queijos amarelos, em diversas “comidas prontas”, biscoitos, etc.
d) Preferir carne branca e magra;
e) Manter o peso adequado para altura e idade;
10. O que são e para que servem os suplementos nutricionais orais?
Os suplementos nutricionais orais são produtos industrializados, cuja fórmula contém quantidades adequadas de carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas e minerais. Podem ainda conter substâncias importantes como fibras e ômega-3. Sua função é aumentar o aporte nutricional do paciente, corrigindo ou evitando carências nutricionais provocadas pela alimentação inadequada. Deve ser prescrito por médico ou nutricionista.
11. Quais são os benefícios da vitamina D?
Assim como outros nutrientes, a quantidade adequada de vitamina D no organismo é importante para o seu bom funcionamento. Entre os benefícios, podemos destacar o fortalecimento dos ossos e dos dentes, bem como o fortalecimento dos músculos e do sistema imunológico.
12. Quais são e para que servem os alimentos funcionais?
Os “alimentos funcionais” são resultados de inovações na indústria dos alimentos, a partir da adição de algumas substâncias, por exemplo, o ômega-3 (gordura poliinsaturada) nas margarinas e nos leites, as fibras nos biscoitos e os lactobacilos (bactérias) nas bebidas lácteas. Entretanto, as frutas e os legumes em geral e os peixes de água fria já contêm naturalmente várias substâncias.
13. A obesidade pode desencadear o câncer?
O excesso de gordura corporal aumenta o risco de câncer em diferentes órgãos, tais como esôfago, pâncreas, intestino, rim, bexiga, endométrio e mama em mulheres na pós-menopausa.