Microbioma Intestinal
Todos os anos a Organização Mundial de Gastroenterologia aproveita o Dia Mundial da Saúde Digestiva para fazer companha de alguma doença com o intuito de trazer informações importantes e conscientização para o público em geral. Neste ano o tema é microbioma intestinal. Mas o que é o isso?
O nome é esquisito e sua definição não é tão simples, mas é um assunto muito importante com promissores resultados.
Podemos definir de microbioma intestinal todas as bactérias e seu material genético presentes no intestino. Sua importância deve-se à convicção que a comunidade científica tem na interferência do mibrobioma na saúde e no metabolismo do nosso corpo, protegendo ou causando doenças, em especial os distúrbios gastrintestinais.
O nosso corpo tem trilhões de bactérias, sendo que a maior parte delas está localizada no intestino grosso e o seu desequilíbrio pode provocar várias alterações, desde excessiva produção de gases intestinais e sérias doenças inflamatórias até a alteração de humor.
Mas um dado importante é que a alimentação também é responsável tanto em equilibrar quanto em desequilibrar nosso microbioma. Enquanto os cientistas estão trabalhando para maiores definições e diretrizes, selecionamos cinco dicas alimentares que podem ajudar no equilíbrio do microbioma intestinal e na promoção da saúde global.
- Tenha, diariamente, uma alimentação colorida, rica em vegetais folhosos;
- Consuma, diariamente, uma pequena porção (20g) de oleaginosas (castanha do Brasil, amêndoas, nozes e similares)
- Prefira alimentos frescos ou com o mínimo de substâncias artificiais (conservantes, corantes, adoçantes) e sempre que possível, sem agrotóxicos e pesticidas.
- Inclua na sua alimentação, sempre que possível, alimentos fermentados (por exemplo: chucrute, iogurte, kefir, legumes fermentados, etc.) e frutas vermelhas e arroxeadas (açaí, ameixa, amora, cereja, framboesa, jabuticaba, jamelão, melancia, mirtilo, morango, uvas, etc.).
- Evite alimentos ricos em gordura, açúcar e bebidas alcoólicas.
Por Monica Benarroz | Nutricionista do Americas Centro de Oncologia Integrado
Conciliando saúde, sabor e prazer em dias de isolamento social
Diante da situação inusitada de isolamento social e da ansiedade de como será o amanhã, alimentar-se tornou-se mais um passatempo na rotina de muitas famílias. Afinal, preparar e comer “coisas gostosas” gera em muitas pessoas um delicioso prazer, super necessário nesses dias. Mas como conciliar saúde, sabor e prazer?
Para suprir as necessidades nutricionais e fortalecer o sistema imunológico, a regra é a mesma: alimentação equilibrada com todos os grupos de alimentos, boa hidratação e refeições regulares e coloridas. Na prática, porém, como é isso? Vamos apresentar três dicas que certamente serão úteis no dia a dia.
É hora dos alimentos frescos: frutas, legumes e verduras, carne magra, queijos, etc
Várias frutas, como abacaxi, laranja, maçã, mamão, manga, pera, e também alguns legumes, como beterraba, cenoura, chuchu, podem ser armazenados em geladeira, por quatro a cinco dias.
Em razão do isolamento que estamos vivendo atualmente, por causa da COVID-19, talvez não seja possível comer todos os dias frutas e saladas frescas. Não há problemas nisso. Nossa dica é alimentar-se com produtos frescos enquanto for possível e com o que sobrou de alguma refeição fazer preparações caseiras que possam ser guardadas em geladeira.
Buscando evitar o desperdício, a sobra das saladas, por exemplo, pode ser transformada em quiche de legumes ou mesmo numa sopa saborosa. Já as frutas podem ser cozidas (e servidas como sobremesa, acompanhada ou não de sorvete) ou assadas tipo “chips” e consumidas nos lanches, associadas ao iogurte.
O tempero caseiro deve prevalecer
Aproveite a oportunidade de estar mais tempo em casa e experimente fazer quitutes saborosos e nutritivos. Por exemplo, fazer pães caseiros enriquecidos com sementes ou frutas; massa com vegetais; geleia caseira de frutas e tantas outras receitas disponíveis na internet.
Vale a pena lembrar que as preparações devem conter pouco açúcar, sal e gordura, para que sejam saborosas e saudáveis.
Água nunca é demais
Em casa, às vezes, as pessoas se esquecem de beber água. Por isso, crie uma rotina de ingerir líquidos, preferencialmente água natural, pelo menos 250 mL a cada duas horas.
Em caso de alguma dificuldade de beber água, tente refresco de frutas, água saborizada com ervas ou pedaços de frutas, ou chás para facilitar a hidratação.
Evite beber líquidos ricos em açúcar (refrigerantes e sucos industrializados). Durante a quarentena, faça o possível para conciliar saúde, sabor e prazer.
Por Monica Benarroz | Nutricionista do Americas Oncologia Intergrado
De olho na higiene dos alimentos
Alimentação segura é aquela que oferece os nutrientes necessários na quantidade certa e sem nenhum risco de contaminação (vírus, bactérias, parasitas e toxinas), que possam causar qualquer tipo de intoxicação alimentar e prejuízos à saúde.
As situações de risco de contaminação em massa por virose, como vivemos atualmente com a COVID-19 – pandemia do novo coronavírus –, exigem mais atenção durante a manipulação, a compra, o preparo, o armazenamento e o consumo dos diferentes tipos de alimentos, sejam eles in natura, sejam eles industrializados.
Para evitar intoxicação alimentar, listamos 10 cuidados que devem ser respeitados, visando a garantir uma alimentação segura e nutritiva.
São eles:
- Sempre lave as mãos antes e após manusear qualquer alimento.
- Utilize utensílios limpos para manipular os alimentos.
- Mantenha limpo o local de manipulação, preparo, armazenamento e consumo dos alimentos.
- Cozinhe os alimentos de origem animal (carne de boi, aves, peixes e ovos).
- Tenha em mente que o leite e seus derivados devem ser pasteurizados.
- Separe os alimentos crus e cozidos, seja na hora do preparo, seja na hora do armazenamento (especialmente carne crua e produtos frescos, como queijo e frutas).
- Faça a higiene das frutas e das hortaliças consumidas cruas com hipoclorito de sódio.
Siga o passo a passo
- Todos os vegetais devem ser lavados em água corrente (vegetais folhosos: folha por folha), incluindo os legumes e as frutas (um a um).
- Em seguida, colocar os vegetais de molho por 10 minutos em água clorada – 1 colher (de sopa) de água sanitária para 1 litro de água filtrada.
- Após os 10 minutos, enxaguar as folhas, os legumes e as frutas com água filtrada e deixar secar naturalmente.
- Se preferir, pode substituir a água sanitária por pastilha ou solução líquida de hipoclorito de sódio, própria para desinfecção de alimentos, vendida nos mercados e nas drogarias.
- Faça a higienização de todos os produtos industrializados antes de armazenar ou consumir.
Saiba como agir:
- Embalagens de plástico, vidro ou alumínio: lavar com água e sabão ou passar um pano com álcool 70%.
- Embalagens de papelão (tipo Tetra Pak): passar um pano com álcool 70%.
- Armazene e transporte os alimentos na temperatura correta por meio de bolsa térmica ou garrafa térmica.
Veja como fazer:
- Os alimentos frios devem ser armazenados abaixo de 5ºC, e os alimentos quentes, acima de 65ºC.
- Os alimentos quentes devem permanecer em temperatura elevada até a hora de consumo.
- Despreze qualquer alimento que tenha ficado mais de duas horas fora da temperatura correta (por exemplo, fora da geladeira).
- Preste atenção à data de validade dos produtos. Em caso de dúvida, não consuma o produto com data vencida.
Além desses cuidados, vale lembrar a importância do descarte do lixo de forma adequada, evitando o aparecimento de insetos. Atentos a todas essas informações, estaremos preservando a nossa saúde.
Por Monica Benarroz | Nutricionista do Americas Centro de Oncologia Integrado
Valorize os pequenos gestos e reabasteça seus vínculos afetivos
Vivenciamos, diante de uma pandemia, uma realidade em que o silêncio se tornou a principal melodia das ruas, e o invisível, também imprevisível, tem-nos convidado a repensar nosso próprio viver, sem deixarmos, todavia, de ter compaixão pelo viver do outro. É inegável, portanto, como nos últimos meses a realidade enfrentada em função da chegada da COVID-19 mudou abruptamente a vida das pessoas e das famílias em todo o mundo.
Pensando nisso, buscamos refletir qual o possível impacto que o isolamento social, enquanto uma medida sanitária de combate à proliferação da doença, trouxe para você que está em tratamento oncológico. Neste contexto, tal situação-limite é uma poderosa forma de cuidar de si e daqueles que ama. Quantas pessoas em tratamento médico não estão precisando se afastar do convívio com um familiar ou um amigo querido, na luta pela sua saúde e pela saúde de outrem?
Devemos nos lembrar, contudo, sem deixar de considerar sua atual importância, que o isolamento social altera significativamente a vida emocional, afetiva e social das pessoas. Temos ciência de que a doença oncológica já impôs mudanças em sua rotina. Provavelmente, houve a alteração de planos; o afastamento dos estudos, do trabalho; o dar-se conta da finitude; o lidar com as marcas no corpo deixadas pela doença/tratamento. Isso tudo revela uma nova e difícil identidade – a de estar doente. [1]
Desse modo, parte da energia que antes era gasta nas relações humanas e em todas as situações que abarcam sua vida precisou ser dedicada ao cuidar de si. Por essa razão, muitos momentos de convívio social foram perdidos, sobretudo quando era preciso estar atento às recomendações médicas sobre os cuidados com a imunidade corporal.
Somada a isso, a reclusão social por ocasião da COVID-19 impõe um ajuste ainda maior em relação à socialização para os que estão em tratamento, muitas vezes, com um afastamento total dos seus entes. Tantas interrupções fazem surgir um tempo de pausa, ao mesmo tempo em que o curso da vida segue, com a reformulação da rotina e de projetos pessoais. O mundo, interno e externo, que você conhecia não é mais o mesmo, diante das duas situações: do adoecimento oncológico e da pandemia do novo coronavírus, o que pode gerar muita angústia e sensação de insegurança.
Estamos nos aproximando da Páscoa, celebração que suscita o compartilhar em família. E o impacto do isolamento pode aumentar a tristeza e, nesse cenário, para muitos, deixar um sentimento de solidão. Se essa é uma situação inédita na vida, é preciso formular estratégias também inéditas, para dar contorno a isso que escapa ao alcance de todos nós. E, se o confinamento atual não é sua escolha, o que você pode escolher viver a partir dele?
A equipe de Psico-Oncologia aponta que a ressignificação do que é vivenciado pode ajudar a reverter os sentimentos presentes. Os avanços tecnológicos nos permitem falar e ver nossos familiares e amigos em tempo real, o que nos mostra que a comunicação com eles não se dá apenas com a presença física.
Cremos que, neste tempo de escassez, a ausência física pode abrir uma possibilidade para que possamos rever os laços de afeto há tempos abalados ou perdidos. Apostamos ainda na valorização da vida. Da nossa vida. De todas as vidas. Então, reflita nos pequenos gestos, em uma mensagem, um telefonema, no envio de uma foto de uma ocasião especial vivida junto. Compartilhe afeto. Enalteça suas relações significativas. E lembre-se: precisamos nos fortalecer e reabastecer nossos vínculos.
Por: Deborah Melo, Ingrid Raiol e Laura Campos | Psico-oncologistas do Americas Oncologia Integrado
[1] SILVEIRA, I. R. Ao enfrentar a realidade de um câncer. In: Instituto COI. Descobri que tenho um câncer: a importância de cuidar das emoções, 2019.
Disponível em: <https://www.institutoamericas.org/2019/06/25/4097/>.
Intolerância à lactose: é muito simples resolver
Por Mônica Benarroz – Nutricionista do Grupo COI
A lactose é um tipo de açúcar presente no leite de vaca e em alguns derivados. Esse tipo de açúcar precisa de uma enzima digestiva chamada “lactase” para fazer a digestão no intestino delgado, mas algumas pessoas não conseguem produzir a lactase de forma adequada e por isso não fazem a digestão completa da lactose. Como consequência, elas podem apresentar alguns sintomas indesejáveis como: diarreia, gases intestinais, abdômen distendido e mal-estar. Às vezes, náuseas, cólicas e até sangramento.
Hoje em dia, é muito comum a restrição total de produtos lácteos por causa da intolerância à lactose, mas nem sempre isso é necessário, já que o tipo de restrição (se parcial ou total) dependerá do tipo de intolerância (veja o quadro).
Os sintomas citados podem também ser observados em outras alterações intestinais, como a síndrome do intestino irritável, por exemplo. O modo mais simples e rápido de ajudar no diagnóstico é suspender o leite e os derivados da alimentação por duas semanas e observar se existe melhora ou não dos sintomas. Todavia somente o médico poderá fazer o diagnóstico de modo preciso e seguro.
No caso de intolerância à lactose, o que fazer?
- Prefira consumir leite e derivados com baixa lactose ou isentos de lactose.
- Não confunda intolerância à lactose com alergia ao leite. Na maioria dos casos, a intolerância à lactose é leve, e não há necessidade de mudar radicalmente a alimentação.
- Mantenha uma alimentação balanceada e nutritiva.
Caso você decida eliminar o leite e os derivados da sua alimentação, lembre-se de fazer uma reposição adequada de alimentos ricos em proteína e cálcio, dois nutrientes importantes no leite e nos derivados.
Tipo de intolerancia à lactose | O que acontece |
Primária | Redução natural da produção da enzima lactase após a diminuição do consumo de alimentos ricos em lactose (leite e derivados). Essa condição é mais comum em adultos. |
Secundária | Produção reduzida da enzima lactase após alguma doença como Celíaca e Crohn ou após tratamentos de radioterapia na região abdominal e de quimioterapia |
Congênita | Incapacidade de produzir a enzima lactase, percebida em crianças recém-nascidas. É genético e um problema raro. |