1. O que é medula óssea?
A medula óssea é encontrada no interior dos ossos; é rica em células-tronco, responsáveis pela formação dos componentes do sangue: as hemácias (glóbulos vermelhos), os leucócitos (glóbulos brancos) e as plaquetas.
2. O que é o transplante de medula óssea?
É uma modalidade de tratamento no qual a medula óssea doente do paciente é substituída por células-tronco normais, com o objetivo de reconstituir a medula óssea normal. O transplante de medula óssea (TMO) é diferente da maioria dos transplantes. O órgão transplantado não é sólido, como o rim. Após quimioterapia em altas doses, associada ou não à radioterapia, o paciente (o receptor) recebe a medula óssea por meio de uma transfusão, ou seja, as células-tronco do sangue, provenientes do próprio paciente ou de um doador, são transfundidas para o paciente.
O transplante pode ser:
– AUTÓLOGO, quando a medula ou as células precursoras de medula óssea provêm do próprio indivíduo transplantado (que, nesse caso, também é o receptor).
-ALOGÊNICO, quando a medula ou as células provêm de outro indivíduo (chamado de doador).
O transplante também pode ser feito a partir de células precursoras de medula óssea, obtidas do sangue de cordão umbilical.
3. Quando é necessário o transplante?
Há indicação de transplantes de medula óssea quando existe o diagnóstico de doenças que cursam com falência medular, como na anemia aplástica severa, mielodisplasias, também em alguns tipos de leucemias, tais como Leucemia Mieloide Aguda, Leucemia Mieloide Crônica, Leucemia Linfoide Aguda. No mieloma múltiplo e nos linfomas, o transplante também pode estar indicado.
4. O que é um transplante autólogo?
É a forma de transplante em que as células precursoras de medula óssea provêm do próprio indivíduo transplantado (que, nesse caso, também é o receptor).
5. Como funciona o serviço de transplante de medula óssea (TMO) do Grupo COI?
Na COI, o serviço de transplante de medula óssea está sob a coordenação do Dr. Ricardo Bigni e conta com uma equipe composta de oito médicos com habilitação e experiência em transplante. Os pacientes podem ter sua avaliação pré-transplante realizada nas unidades Barra (MDX) e Botafogo (Rio Sul), e em breve na unidade Niterói (Icaraí).
Na avaliação pré-transplante, são feitas a indicação e a elegibilidade dos pacientes para o procedimento e também a orientação sobre como são as etapas do transplante.
Após o procedimento pré-transplante, o paciente é internado em um dos hospitais da rede privada habilitados para a realização de transplantes de medula óssea. No caso da COI, especificamente, temos o Hospital de Clínicas de Niterói como principal centro de escolha, graças à grande experiência da instituição, tendo sido esse centro implantado por nossa equipe e com um número de casos realizados passando de trezentos e cinquenta.
6. Quem pode ser doador?
– Pessoas entre 18 e 55 anos de idade e em bom estado de saúde.
– No caso de o paciente ser uma criança, pode ser possível ter um irmão também criança como doador, desde que esse tenha a permissão dos pais.
– Pessoas que não têm doença infecciosa ou incapacitante.
– Pessoas não portadoras de câncer ou que não tenham recebido tratamento prévio baseado em quimioterapia.
7. Como proceder para doar? Onde doar?
É possível se cadastrar como doador voluntário de medula óssea nos Hemocentros nos Estados. No Rio de Janeiro, além do Hemorio, o INCA também faz a coleta de sangue e o cadastramento de doadores voluntários de medula óssea, de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h. Não é necessário agendamento. Para mais informações, ligue para (21) 3207-1580.
8. Como é o transplante para o doador?
É retirada pela veia uma pequena quantidade de sangue (5 ml a 10 ml) e preenchida uma ficha com informações pessoais.
O sangue será tipificado por exame de histocompatibilidade (HLA), teste de laboratório para identificar suas características genéticas que podem influenciar no transplante. Seu tipo de HLA será incluído no cadastro. Os resultados são confidenciais e servem apenas para fins do REDOME.
Os dados serão cruzados com os dos pacientes que precisam de transplante de medula óssea constantemente. Se o doador for compatível com algum paciente, outros exames de sangue serão necessários.
Se a compatibilidade for confirmada, o doador será consultado para confirmar que deseja realizar a doação. O atual estado de saúde será avaliado.
A doação é um procedimento que se faz em centro cirúrgico, sob anestesia peridural ou geral, e requer internação por um mínimo de 24 horas. Nos primeiros três dias após a doação, pode haver desconforto localizado, de leve a moderado, que pode ser amenizado com o uso de analgésicos e medidas simples. Normalmente, os doadores retornam às suas atividades habituais depois da primeira semana.
Existe outra forma de obtenção das células-tronco da medula óssea que utiliza uma máquina específica (aférese) para separar do sangue periférico (corrente sanguínea) as células necessárias para o transplante. Neste caso, o doador tem de receber um medicamento antes da doação (fator de crescimento), que estimule a medula óssea a liberar essas células para a corrente sanguínea. Tal técnica só é utilizada em casos específicos, sob decisão médica e com consentimento do doador.
9. O doador corre riscos?
Os riscos são poucos e relacionados a um procedimento que necessita de anestesia. É necessária a retirada de pelo menos 15% da quantidade de medula óssea do doador, para que seja transplantado ao receptor (paciente). Dentro de poucas semanas, a medula óssea do doador estará inteiramente recuperada. Uma avaliação pré-operatória detalhada verifica as condições clínicas e cardiovasculares do doador, visando a orientar a equipe anestésica envolvida no procedimento operatório. Podem ocorrer alguns destes sintomas após a doação: dor local, astenia (fraqueza temporária), dor de cabeça. Esses sintomas, porém, são passageiros e controlados com medicamentos simples, como analgésicos.
10. O que é compatibilidade?
Para a realização do TMO, há necessidade de compatibilidade HLA absoluta entre doador e receptor. O doador nesse procedimento deverá estar necessariamente vivo; as células progenitoras ou as células-mãe do sangue doadas se regeneram, não acarretando nenhum dano à saúde do doador. O doador compatível deve ser procurado, em primeiro lugar, entre os membros da família. Entre irmãos do mesmo pai e da mesma mãe, a chance de encontrar um irmão idêntico é de 25%.
Aproximadamente 60% dos pacientes não encontram doador na família e precisam buscar um doador compatível voluntário cadastrado no registro brasileiro de doadores de medula óssea.
A compatibilidade HLA (Antígenos Leucocitários Humanos) é verificada por testes de sorologia e/ou por biologia molecular através de uma amostra de sangue periférico, procedimento igual ao de um simples exame de sangue. As moléculas HLA estão presentes na superfície de todas as nossas células nucleadas, e as características genéticas ou a tipagem de cada indivíduo são herdadas metade do pai, e a outra metade, da mãe.
11. Como conseguir um doador? O que fazer quando não há um doador compatível?
Quando não há um doador compatível entre seus irmãos ou quando o paciente não tem irmão consanguíneo (de mesmo pai e mãe), é necessário fazer uma busca nos registros de doadores voluntários, tanto no REDOME (Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea) como nos do exterior. No Brasil, a mistura de raças dificulta a localização de doadores compatíveis. O REDOME conta hoje com mais de três milhões de doadores. Hoje, já existem mais de 21 milhões de doadores em todo o mundo.
12. Como é feita a doação?
Existem duas formas de doar as células-tronco da medula óssea. Na primeira, as células são coletadas diretamente de dentro da medula óssea (nos ossos da bacia); na outra, por filtração do sangue, que passa pelas veias (aférese).
A coleta direta da medula óssea é realizada com agulha especial e seringa na região da bacia. Retira-se da medula do doador a quantidade adequada para o paciente.
Para que o doador não sinta dor, é realizada anestesia, e o procedimento dura em média 60 minutos. A sensação de incômodo do doador é de média intensidade e permanece por cerca de uma semana (2 a 14 dias), semelhante a uma queda ou a uma injeção oleosa. Não fica cicatriz, apenas a marca de três a cinco furos de agulha. É importante destacar que não é uma cirurgia, ou seja, não há corte, nem pontos. O doador fica em observação por um dia e pode retornar para sua casa no dia seguinte.
Na coleta pela veia, é realizada a filtração do sangue através de procedimento com o uso de máquina de aférese. O doador recebe um medicamento por cinco dias, período em que há estímulo para a multiplicação das células-tronco. Essas células migram da medula para as veias e são filtradas. O processo de filtração dura em média três horas, até que se obtenha o número adequado de células. O efeito colateral mais frequente desse procedimento é em razão do uso do medicamento, que, em alguns doadores, pode se dar como dor no corpo, semelhante ao sintoma de uma gripe.
13. Quem paga os procedimentos de doação?
Quando o transplante é realizado em um hospital público, o custo dos procedimentos de doação é pago pelo SUS (Ministério da Saúde). Quando é realizado em hospital da rede privada, é custeado pela seguradora ou pelo plano de saúde do doador.
14. Como é o transplante para o paciente?
Depois de receber intensa dose de quimioterapia, associada ou não à radioterapia, com o objetivo de destruir as células da doença e da própria matriz de células normais da medula óssea, o paciente recebe as células da medula sadia. Essa infusão é semelhante a uma transfusão de sangue comum. Essa nova medula é rica em células chamadas “progenitoras”, que, uma vez na corrente sanguínea, circulam e vão se alojar na medula óssea, onde se desenvolvem.
Durante o período em que essas células ainda não são capazes de produzir glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas em quantidade suficiente para manter as taxas dentro da normalidade, o paciente fica mais exposto a episódios infecciosos e hemorragias. Em função disso, ele permanece internado no hospital, em regime de isolamento. Por um período em torno de três a quatro semanas, o paciente necessitará ser mantido internado e, apesar de todos os cuidados, os episódios de febre são muito comuns.
Após a recuperação da medula, o paciente continua a receber tratamento, só que em regime ambulatorial, com consultas regulares por uma a três vezes por semana, no hospital ou no consultório, no caso do transplante alogênico, e uma vez por mês, no caso do transplante autólogo.
15. Quais são os riscos para o paciente?
Os resultados do transplante para o paciente dependem de fatores tais como o estágio de sua doença, sua condição clínica, a presença de doenças prévias que possam aumentar a incidência de complicações. Os principais riscos no transplante se relacionam à ocorrência de infecções potencialmente graves e toxicidade pelos medicamentos quimioterápicos.
Após a recuperação das funções da medula e da alta hospitalar do paciente, segue-se uma fase de acompanhamento ambulatorial, em que o paciente é monitorado quanto a problemas que podem ocorrer, como a doença do enxerto contra o hospedeiro, a toxicidade de medicamentos imunossupressores e alguns tipos específicos de infecção mais próprios dos pacientes transplantados.
16. O que fazer quando não há um doador compatível?
Na ausência de um doador aparentado compatível, em geral um irmão, pode-se realizar uma busca nos registros de doadores voluntários cadastrados no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME), ou nos registros de doadores internacionais.
17. Como funciona o REDOME?
O REDOME encontra-se instalado no Instituto Nacional de Câncer (INCA). Ele reúne informações dos doadores (nome, endereço, resultados de exames, características genéticas). Um sistema informatizado cruza as informações genéticas dos doadores voluntários cadastrados no REDOME com as dos pacientes que precisam do transplante. Quando é verificada compatibilidade, a pessoa é convocada para efetivar a doação.
18. Quando é necessário o transplante?
O transplante de medula óssea é necessário para pacientes com as seguintes doenças: anemia aplástica grave; mielodisplasias; e em alguns tipos de leucemia, como a leucemia mieloide aguda, a leucemia mieloide crônica, a leucemia linfoide aguda. No mieloma múltiplo e nos linfomas, o transplante também pode ser indicado.
19. Qual a chance de sucesso de um transplante?
O sucesso do transplante depende do tipo específico de doença do paciente e de sua situação quando da realização do transplante, de sua tolerância aos efeitos próprios do tratamento e suas complicações em relação ao transplante de medula óssea; por fim, da resposta da doença aos procedimentos do transplante.