Propósito
Os países de renda média, como o Brasil, frequentemente possuem um sistema de saúde dicotômico, no qual os pacientes podem ser tratados em instituições públicas ou privadas, que diferem substancialmente em termos de nível de acesso a procedimentos diagnósticos e terapêuticos.
Pacientes e Métodos
Este foi um estudo observacional prospectivo para avaliar dados do mundo real em 1.230 pacientes do sexo feminino com câncer de mama, tratadas em uma instituição privada de saúde, entre 2012 e 2016, no Brasil.
Resultados
O câncer de mama nessas pacientes foi diagnosticado principalmente nos estágios iniciais (79,0% dos estágios I ou II) ou localmente avançado (16,1% no estágio III). O tumor primário foi ressecado em 89,0% dos casos, na maioria das vezes por meio da cirurgia conservadora da mama (55,1%). Pacientes com doença localmente avançada receberam terapia mais agressiva (por exemplo, maiores taxas de mastectomia, dissecção axilar e uso de quimioterapia) do que pacientes com doença em estágio inicial. A sobrevida global estimada em 2 anos (OS) foi de 95,3%. A sobrevida foi significativamente maior entre as pacientes com doença em estágio I ou II (OS 2 anos, 97,9% e 97,5%, respectivamente) do que aquelas com doença nos estágios III ou IV (89,4% e 69,5%, respectivamente; P <0,01). O grau de tumor também foi correlacionado com OS na coorte geral (P = 0,05); status triplo-negativo foi apenas prognóstico para pacientes com doença em estágio III (P <0,01).
Conclusão
Os dados fornecidos auxiliam na compreensão do cenário atual de apresentação e tratamento do câncer de mama no sistema privado de saúde brasileiro e podem servir de base para orientar a alocação de recursos. Nossos resultados reforçam a necessidade de buscar acesso adequado ao tratamento do câncer em países de baixa e média renda visando a otimizar o desfecho da paciente.
Por: Dr. Luiz Henrique Araujo | Diretor Científico do Instituto COI