Definição

O esôfago é um “tubo” que leva o alimento da boca ao estômago e permite a passagem do alimento para o sistema digestivo. O esôfago é formado por três camadas de tecido (mucosa, muscular e tecido conjuntivo) O câncer de esôfago é um tipo de câncer que acomete as células de revestimento do esôfago. O esôfago é dividido em três partes (superior, médio e inferior). O câncer dos terços superior e médio, em geral, são carcinomas epidermoides, enquanto os cânceres do terço inferior, em geral, são adenocarcinomas.

O câncer de esôfago é um câncer relativamente frequente em todo o mundo. É o oitavo câncer mais frequente no mundo e é mais comum em homens. Indivíduos de países em desenvolvimento são mais suscetíveis à doença. Cerca de 75% dos cânceres de esôfago ocorrem em países de média e baixa renda. Incidência e mortalidade são 2 a 4 vezes maiores em homens em relação às mulheres. Para o Brasil, em 2016, são esperados cerca de 8.000 casos novos em homens e 2.800 em mulheres. O câncer de esôfago, em homens, é mais frequente nas Regiões Sul e Centro-Oeste.

Os principais fatores de risco estão relacionados a hábitos de vida, como tabagismo, uso abusivo de álcool e obesidade. O excesso de peso aumenta o risco de câncer de esôfago, em especial em homens. O consumo de tabaco aumenta o risco de ambos os tipos de câncer de esôfago (adenocarcinoma e carcinoma epidermoide). O consumo de álcool aumenta o risco de carcinoma epidermoide de esôfago. Uma condição médica chamada de esôfago de Barrett aumenta o risco de câncer de esôfago, ainda que esse aumento seja pequeno. Outro fator de risco é a idade. Mais de 80% dos cânceres de esôfago ocorrem em indivíduos acima dos 60 anos.

O principal sintoma dos pacientes com suspeita de câncer de esôfago é a disfagia (dificuldade de engolir) para os alimentos sólidos e, evolutivamente, para os alimentos pastosos e líquidos. A dor é geralmente um sintoma tardio e ocorre na região atrás do osso esterno. O emagrecimento ocorre tanto pela dificuldade de deglutição como pela perda do apetite. Eventualmente aparecem tosse e rouquidão.

Os exames frequentemente utilizados para o diagnóstico são a endoscopia digestiva (esofagoscopia) e o raio-x contrastado do esôfago.

O câncer inicial do esôfago pode aparecer, na endoscopia, como placas superficiais ou ulcerações, e as lesões mais avançadas, como massas ou grandes ulcerações. A biopsia da lesão, por ocasião da endoscopia, confirmará o diagnóstico.

Existem dois tipos principais de câncer de esôfago: (1) o carcinoma de células escamosas, comumente localizado nos terços superior e médio, (2) o adenocarcinoma, mais frequentemente localizado no terço inferior e associado à presença de esôfago de Barrett. Ambos compreendem cerca de 95% de todos os tumores malignos do esôfago e diferem não somente na histologia e localização, mas também nos fatores predisponentes e prognóstico.

Em geral, utiliza-se o sistema TNM de classificação e estadiamento do tumor. O sistema TNM classifica os tumores de esôfago entre os estágios 0 e IV, sendo os tumores 0, I e II iniciais e III e IV avançados. O grau histológico do tumor (de 1 a 3) também é utilizado no estadiamento e ajuda a entender o comportamento biológico do tumor e qual o tratamento necessário.

As opções de tratamento são cirurgia, radioterapia, quimioterapia, individualmente ou em combinação. Em geral, a cirurgia isolada é utilizada para os cânceres de esôfago iniciais. A combinação quimioterapia/radioterapia/cirurgia é utilizada tanto para os tumores iniciais como para os tumores avançados.

O prognóstico depende de fatores relacionados ao tumor, ao tratamento e ao paciente. Em geral, os adenocarcinomas têm melhor prognóstico em relação aos carcinomas epidermoides. Quanto maior o estadiamento, pior o prognóstico. Quanto maior o grau histológico, pior o prognóstico. A sobrevida em cinco anos para tumores localizados é de 40%-50% nos países desenvolvidos. Para tumores localmente avançados ou metastáticos, a sobrevida em cinco anos varia entre 5%-20% nos países desenvolvidos.

Não fumar, manter um peso ideal e não consumir álcool em excesso diminuem o risco de câncer de esôfago. Em indivíduos com refluxo gastroesofágico, medidas para conter o refluxo podem diminuir o risco de adenocarcinoma de esôfago. Alguns estudos clínicos estão avaliando a eficácia dessas medidas. Não há recomendação para o rastreamento do câncer de esôfago em indivíduos sem sinais e sintomas da doença.