Definição
Os ovários (dois no total) fazem parte dos órgãos reprodutivos femininos. Eles estão localizados em uma região chamada pelve (abaixo do umbigo e dentro da bacia). Cada ovário ocupa, em média, um volume de 10 cc (cm cúbicos) ou o tamanho de uma amêndoa. Os ovários produzem os hormônios femininos (estrogênio e progesterona). Durante o período reprodutivo, eles “lançam” óvulos nas trompas e, caso fecundado, transformam-se em embriões. Na menopausa, as mulheres param de “lançar” esses óvulos e as taxas hormonais começam a diminuir. Um crescimento anormal frequente nos ovários são os cistos. Na maioria das vezes, os cistos são lesões benignas e desaparecem espontaneamente. Algumas vezes esses cistos não desaparecem e aumentam de tamanho e podem significar um câncer.
Estimam-se 6.190 novos casos de câncer do ovário para o Brasil no ano de 2012, comum risco aproximado de 6 casos a cada 100 mil mulheres.
Sem considerar os tumores da pele não melanoma, o câncer do ovário é o sétimo mais incidente na maioria das regiões, com um risco estimado de 8 casos novos a cada 100 mil mulheres na região sul, 7 a cada 100 mil na região sudeste, 6 por 100 mil na região centro-oeste e 4 por 100 mil na região nordeste, enquanto, na região norte (2/100 mil), é o oitavo mais frequente.
O fator de risco mais importante para o desenvolvimento do câncer do ovário é a história familiar (mãe, irmã ou filha) de câncer do ovário, mas também de câncer de mama, útero e cólon e reto.
Mulheres que já desenvolveram câncer de mama, útero e cólon e reto têm um risco maior que a população geral.
Outros fatores de risco são a idade (mais de 55 anos), nunca ter engravidado e uso de terapia de reposição hormonal somente com estrogênio por mais de 10 anos também aumenta o risco.
Entre 5% a 10% dos casos de câncer de ovário são herança genética dos familiares.
Os sintomas do câncer de ovário podem ser insignificantes no início, mas à medida que o tumor cresce em tamanho pode causar dor na pelve ou na barriga, aumento de tamanho do abdome, náuseas, constipação e má digestão e sensação de cansaço permanente.
Na maior parte das vezes, esses sintomas não significam câncer de ovário, mas se a mulher tiver fatores de risco na família e os sintomas não melhorarem ou até piorarem, ela deve procurar avaliação médica.
O seu médico irá conduzir uma investigação diagnóstica para saber se os sintomas podem ser, ou não, um câncer de ovário.
Essa investigação diagnóstica inclui uma longa entrevista clínica, exame da pelve, alguns exames complementares (como ultrassom da pelve e exames de sangue) e, caso haja alguma suspeita, realizar uma biópsia da tumoração (geralmente por meio de uma cirurgia, mas eventualmente por uma laparoscopia).
A confirmação de câncer de ovário é feita somente pela análise do tecido pelo patologista.
O exame histopatológico permite classificar qual o tipo de câncer de ovário.
A maioria dos cânceres de ovário é chamada de carcinoma epitelial.
Outro tipo frequente de câncer de ovário são os tumores de células germinativas. Alguns tipos têm melhor prognóstico do que outros.
Tumores epiteliais bem diferenciados têm melhor prognóstico do que os menos diferenciados.
Após o diagnóstico e a classificação do ovário, é feito o estadiamento da doença, ou seja, verificar a extensão da doença.
Para isso, geralmente são pedidos exames complementares, como exames laboratoriais (marcadores tumorais), laparotomia (cirurgia que expõe a cavidade abdominal e pélvica) e exames de imagem direcionados ao abdome e, eventualmente, a outras regiões.
O objetivo desses exames é determinar o tipo ideal de tratamento para aquela determinada paciente.
Habitualmente o tratamento do câncer de ovário envolve uma equipe multiprofissional que inclui cirurgiões, oncologistas, radioterapeutas, entre outros profissionais médicos e não médicos.
O tratamento padrão habitual para os tumores epiteliais e germinativos envolve cirurgia, quimioterapia e radioterapia dependendo do estadiamento da doença no momento do diagnóstico.
O prognóstico do câncer de ovário dependerá da extensão da doença no momento do diagnóstico, das características biológicas do tumor e das condições de saúde da paciente.
Com os avanços das técnicas cirúrgicas, da radioterapia e dos medicamentos (quimioterápicos), o prognóstico é muito bom para os tumores localizados nos ovários e menor para a doença avançada ou metastática.
A prevenção primária do câncer de ovário se dá pela diminuição dos fatores de risco.
Dentre os fatores de risco que podem ser alterados temos a obesidade e a utilização de reposição hormonal após a menopausa.
Em mulheres com risco muito aumentado de câncer de ovário por herança genética familiar, a recomendação é aconselhamento com um geneticista (ou oncogeneticista) para avaliar individualmente o risco e as estratégias de controle.
Não há evidências, até o momento, para ações de detecção precoce do câncer de ovário.
Fontes:
1. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Estimativas 2012: incidência de câncer no Brasil. Coordenação Geral de Ações Estratégicas, Coordenação de Prevenção e Vigilância. – Rio de Janeiro: Inca, 2011.
2. United States Department of Health and Human Services. National Institute of Health. What you need to know about: ovarian cancer. National Cancer Institute, 2006.
3. National Cancer Institute (NCI) home page (http://cancer.gov/).